sexta-feira, 16 de março de 2012

Avaliação do Movimento de Paralisação


Avaliação do Movimento de Paralisação do dia 14 de março de 2012

O dia 14 de março foi tido na UEM como mais um dia de luta! Professores, servidores e estudantes, mesmo com suas pautas específicas, estavam unidos em defesa da Universidade Pública.
       O Diretório Central dos Estudantes procurou se organizar para esta data, porém tivemos muitas dificuldades durante estes dias devido o acúmulo de atividades, um acontecimento atrás do outro, uma série de questões que acontecem diariamente dentro da universidade que necessitam respostas e ações imediatas, o que dificultou nossa organização para o dia 14.
       A importância de construirmos a paralisação se deu por dois principais motivos deliberados na Assembleia dos Estudantes realizada dia 07/03. Sobre a paralisação: foi deliberado que os estudantes não só apoiariam a paralisação do dia 14/03, como também a realizariam. Sobre a unificação das pautas: deliberou-se que os estudantes iriam propor a unificação das pautas dos servidores técnicos e docentes, e na Assembleia do Sinteemar do dia 12/03, a base de tal sindicato decidiu por fazer juntos uma assembleia para que houvesse a unificação das pautas de reivindicações direcionadas ao governo do Estado.
       Na Assembleia do Sinteemar, foi tirado que os portões não seriam abertos, pois os vigilantes não abririam, afinal, são servidores da UEM e têm todo o direito de manifestar-se aderindo à paralisação. Ainda no dia 13/03, no fim da tarde, tivemos a notícia de que a reitoria fez uma reunião e ordenou aos vigias que trabalhassem normalmente para abrir os portões e os blocos. Neste sentido, mais do que em solidariedade aos vigias, mas também por objetivos táticos, decidimos em reunião que trancaríamos os portões com corrente e cadeado e colocaríamos pneus e troncos de arvores com o fim claro de não permitir a abertura dos portões, garantindo assim a paralisação.
     Outro ponto importante a ser levantado, e também como forma de explicar aos que ainda desconhecem, os servidores técnicos e docentes da UEM são organizados em dois sindicatos, sendo a SESDUEM (Seção Sindical dos Docentes da UEM-ANDES-SN/CSP-Conlutas) representante dos docentes filiados, e o Sinteemar (Sindicato dos trabalhadores da educação de Maringá, filiado à CUT) de alguns docentes e dos servidores técnicos. Estes dois sindicatos são divididos e não dialogam entre si por motivos políticos, o que dificulta ainda mais a unidade da luta dentro da UEM. Como um não apoiava a paralisação do outro, no dia 07/03 a UEM funcionou normalmente e no dia 14/03 muitos docentes iriam dar aula. Demonstra-se, portanto, mais um motivo da necessidade da não abertura dos portões, para que não houvesse mais desmobilizações, afinal, deliberamos que aquela também era uma paralisação estudantil, o que remete em não ter aula.
      Durante o ato pela manhã, houve muita tensão e até a PM foi acionada. Sofremos agressões por parte de funcionários, professores e terceiros como o marido de uma professora da UEM que em uma ação grosseira passou por cima da calçada e quebrou a câmera que utilizávamos para registrar a manifestação. Sofremos também ameaças de atropelamento e muitas ofensas. Isso demonstra o quanto ainda tem pessoas desinformadas dentro da nossa Universidade, pessoas que com certeza sentem os problemas, porém não se solidarizam e não se mobilizam para mudar o atual cenário.
     O auge dessa manhã conturbada foi quando tivemos a notícia da diretoria do Sinteemar de que não haveria mais a Assembleia Unificada entre a base deles e os estudantes. Traição é a palavra que traduz esta atitude. Essa fala da diretoria do Sinteemar de descontruir o que já havia sido feito, onde professores, técnicos e estudantes aguardavam pela unificação das pautas gerou um imenso transtorno ao movimento. Após um diálogo fervoroso entre alguns membros do DCE com o diretor do Sinteemar, foi mantido o espaço para que houvesse a unificação das pautas. Simultâneo a esse acontecimento, tivemos a notícia de que atearam fogo nos pneus em alguns portões.
    O fogo foi algo que surpreendeu a todos e todas que construíam o movimento no dia 14. Afirmamos com clareza de que tal atitude não foi deliberação do DCE. Nosso coletivo, a Movimente-se UEM, não se responsabiliza pelo ato, que com certeza foi algo pensado à parte, por fora do movimento. De qualquer forma, não criminalizamos o ato tendo em vista que não houve depredação do patrimônio público, somente a tintura do portão foi comprometida, contrário do que se tem dito, tampouco houve danos morais ou físicos a terceiros. Ao termos ciência do fogo, muitos de nós, estudantes, se mobilizaram rapidamente para apagar o fogo dos 3 portões, junto com outros servidores, pegando extintores e mangueiras.
    Cabe aqui mais alguns esclarecimentos: 1) a Movimente-se UEM só se reuniu para realizar esta avaliação no dia 15/03, às 17h30 na sede do DCE. Notas anteriores a esta reunião como a da Anel, entidade que compõe nossa gestão, não explicita o parecer final do DCE sobre o caso. 2) A nota publicada no site da UEM em nome do Reitor Prof. Julio demonstra bem o descaso da administração desta universidade em relação às pautas de reivindicações estudantis e distorção dos fatos. Como já dito acima, estudantes também apagaram o fogo, evitando que pudesse haver de fato mais estragos. A luta realmente é de todos, mas devemos reconhecer o quanto o DCE – Movimente-se UEM tem se dedicado a levar essa luta adiante, procurando unificações e não segregações!
    Sobre as pichações, ressaltamos de que não há dentro de nossa Universidade um debate sério sobre esse modo de expressão. O que podemos afirmar é que tratam-se de ações individuais, totalmente fora do controle do DCE, que em nada tem a ver com essas ações. Podemos, enquanto representantes dos estudantes e engajados em discutir questões políticas e culturais, iniciar esta discussão, fomentando um debate amplo e construtivo para tratarmos destes fatos.
      O sensacionalismo colocado nos fatos supracitados é extremamente prejudicial ao o que o movimento é em sua essência. Não podemos deixar que uma ação secundária como esta se sobreponha a toda uma luta que vem se desdobrando desde o ano passado, que chega a seu ápice com o levante dos professores e servidores, demonstrando que a Universidade Pública passa por um momento conturbado causado pela política neoliberal do Governo do Beto Richa. O corte de mais de 53% do orçamento se mantém, as promessas com as pautas dos servidores se estendem em datas absurdas, nossa Pauta de Reivindicações da Ocupação sequer foi tratada até agora, todas essas questões permanecem em aberto. Não temos ônibus para ir a eventos, não temos salas de aulas e laboratórios, não temos professores, não temos se quer o complemento vegetariano, determinado ano passado de que haveria pelo menos 2 vezes por semana, o RU permanece precário!!!
   O ano de 2012 foi a continuação de um processo covarde de privatização e sucateamento da Universidade Pública, indo totalmente contra nossas pautas levantadas no ano anterior. Aos poucos, o atual governo do Estado retoma as ideias do Projeto 32 de Lerner, ferindo a autonomia universitária em um sentido mais restrito, como o Meta 4 que engessará o financeiro da UEM, travando-a tecnicamente (afetando a contratação de professores e técnicos temporários) e politicamente (autorizando movimentações financeiras que sejam do interesse do governo, caso não o seja, a liberação do dinheiro é negado).
    O susto com o corte absurdo no orçamento no início do ano só nos fez acordar para algo óbvio. A lógica do governo Beto Richa é simples de ser entendida: corta-se verbas públicas, sob justificativas falsas de que “não há recursos”, para que as instituições públicas se vejam forçadas a abrir suas portas à iniciativa privada, que tem total interesse em se inserir num espaço que certamente irá gerar muita renda e lucratividade, como as IEES e as Instituições de Saúde, por exemplo.
    Somos todos cidadãos! Pagamos nossos impostos, temos direitos e deveres. O mínimo que o Estado deve garantir é uma educação pública, de qualidade, gratuita e ao alcance de todos. Quando saímos às ruas em protesto não estamos fazendo nada além de lutar para garantir os nossos direitos. Devemos sair do comodismo de achar que “reclamamos de barriga cheia”, nossas reivindicações são legítimas e caracterizam um movimento que garantirá, mesmo que a longo prazo, uma Universidade que de fato queremos e precisamos, aliás, que já deveríamos ter! 
    Por isso a unidade na ação entre professores, técnicos e estudantes é essencial. Somos a base de uma instituição totalmente hierarquizada, onde os poderosos continuarão no topo da pirâmide, sempre determinando as ações de cima para baixo. A Universidade é nossa, e devemos agir em defesa não só dela, mas de toda a educação pública, que está passando por um momento bastante conturbado.
    De qualquer forma, avaliamos que as mobilizações que vem acontecendo neste ano, do dia 07 até o dia 14 foram positivas. Estamos finalmente encaminhando a luta em defesa da educação pública a um nível estadual, articulando com todas as Universidades Estaduais do Paraná, ao mesmo tempo que, no nível micro, isto é, internamente na UEM, vemos nossas reivindicações unificadas com as das demais categorias (professores e técnicos) crescerem a tomarem uma dimensão que, se não seguir em direção a greve, seguirá diretamente para conquistas e vitórias.

Juntos podemos mudar o rumo da história!


Maringá, 16 de março de 2012.
Diretório Central dos Estudantes – Gestão Movimente-se UEM

2 comentários:

Anônimo disse...

Apoio totalmente o movimento, mas dizer que as paralisações foram positivas é uma brincadeira. Estão todos sentados esperando resposta de um governador que conversa com ninguém. A greve já devia ter começado, mas os interesses políticos dos sindicatos não os deixam chegar em um acordo. No mais, queria saber o que vocês conseguiram de concreto na ocupação, pois acho que só foram enganados.

joao disse...

dia 20 e greve ou paralizasao?