domingo, 21 de novembro de 2010

O problema das bolsas estudantis na UEM

Depois de ver a propaganda eleitoreira do Bonde, na qual dizem que eles aumentaram as bolsas na UEM, comecei a achar de extrema importância entender de que maneira se dá a existência, o aumento, o sentido das bolsas estudantis na universidade. Entendendo isso, talvez fique mais fácil construir uma boa política para melhorarmos essa situação na vida dos estudantes.

O sentido de bolsas para os estudantes na universidade tem a ver com dois aspectos: a assistência estudantil e o sentido do tripé em que essa universidade se diz constituída (bolsa ensino, bolsa pesquisa e bolsa extensão). As universidades têm uma proposta diferente das faculdades particulares, pois se caracterizam como um espaço do conhecimento composto pelo ensino, pela pesquisa e pela extensão. Ou seja, ela não é uma simples fábrica de diplomas, mas uma instituição que investe em pesquisa, que realiza o ensino e que retorna o investimento público não apenas com a formação de profissionais, mas também com projetos sociais que auxiliem a sociedade. Por isso, é necessário separar o joio do trigo. Apesar de muitos estudantes precisarem de bolsas para se manter estudando, independendo se é bolsa-trabalho ou bolsa-pesquisa, existem grandes diferenças entre as variações de bolsas e cada uma delas tem seu sentido dentro do espaço universitário.

A bolsa-pesquisa depende de órgãos ligados ao financiamento de pesquisa como a Fundação Araucária e a CNPq. A bolsa do Programa de Educação Tutorial (PET) é financiada pelo MEC. Já a monitoria, a bolsa ensino, a bolsa extensão, a bolsa trabalho e a bolsa alimentação dependem de instâncias da própria universidade para existirem, então, suas melhoras se realizam pela verba que o governo destina à UEM e pela forma como ela é aplicada por quem administra a nossa universidade. No fundo, todas as bolsas dependem desses dois fatores: os valores que as verbas públicas destinam e a forma como essa verba é aplicada. Mas é importante frisar que as últimas bolsas citadas dependem mais da administração dos recursos públicos realizada por nosso reitor do que de instâncias externas à UEM.

A bolsa alimentação e a bolsa-trabalho existem na universidade somente para a assistência estudantil, como forma de auxiliar o aluno no acesso a universidade, não tendo função dentro daquele tripé mencionado acima. Nesse sentido, podemos nos perguntar: em que medida essas bolsas ajudam na formação acadêmica dos universitários? Se não ajudam, então porque elas devem aumentar?

Olhando mais aprofundadamente para esses problemas, vemos que a razão dessas bolsas é o de resolver problemas estruturais da universidade: falo da contratação de funcionários. Chegamos a um ponto tal no qual não mais criamos políticas para o aumento de bolsas de importância acadêmica, mas entramos na dinâmica posta, sem notarmos que assim não resolvemos esse problema da falta de contratação de funcionários e do seu impacto na qualidade da universidade. Na verdade, com o aumento das bolsas-trabalho, amenizamos o efeito dessa falta, escondendo a sua verdadeira causa. Mas não entramos nessa dinâmica à toa: os alunos precisam dessas bolsas para se manter na universidade. Não podemos deixar essa necessidade de lado.

Vê-se, então, uma situação bem problemática: Não deveríamos tentar sair dessa dinâmica para melhorar os serviços da universidade com a quantidade correta de funcionários? Mas como sair dessa dinâmica sem perder essas formas de assistência estudantil que se tornaram tão importantes para a vida financeira de tantos estudantes?

E se pensássemos numa política de aumento das bolsas de valor acadêmico e, junto disso, em formas de reivindicar pela contratação de novos funcionários na UEM?

E se tivéssemos também uma política para, ao invés de aumentar, melhorar as condições da bolsa alimentação e da bolsa trabalho? Afinal, se os funcionários que deveriam estar trabalhando no lugar desses alunos receberiam mais que eles caso fossem contratados, então, os alunos locados nessas funções devem ser mais valorizados.

Os estudantes não podem se esquecer que a qualidade do ensino passa pelos problemas enfrentados pelos funcionários e professores da universidade. Por isso, temos que criar novos diálogos entre as políticas dos estudantes com as dos funcionários e dos professores da UEM. Acredito que a questão das bolsas estudantis enfrenta esse desafio que se põe a gente. Talvez tivéssemos que ir além de simplesmente reivindicar o aumento de bolsas a torto e a direito sem entender os meandros que estão por trás disso.

6 comentários:

Anônimo disse...

Isso é verdade que foi dito no texto, mas cortar as bolsas trabalho não é algo bom não, pois tem uma galera que trabalha com isso e sobrevive graças a esse dinheiro, transformar essas bolsas trabalho em pesquisa, isso é bem complexo pela estrutura da universidade, eu particularmente não sei o que como resolver isso mas quais são as propostas da chapa para isso???

Anônimo disse...

no final tudo passa por uma linha comum: contratação. O que podemos diante do Beto Richa e do Wilson Mattos no governo e na SETI?

os 38% ainda foi uma proposta do governo de transição. Imagine quando for totalmente o governo de Richa?

Ainda mais com a reitoria que temos, que vai mal das pernas...

Anônimo disse...

é necessário pensarmos que a próxima gestão irá enfrentar o governo das privatizações. Será que a melhor proposta não seria discutir isso desde que dai depende muito a assistência estudantil dentro da universidade. Temos pouco e esse pouco é mantido pelo governo do estado, como as bolsas trabalho, a bolsa - alimentação e a construção da casa do estudante dependem desse governo.
Então não adianta prometer milhares de coisas e esquecer dessa realidade que assombra e que está vindo contra o movimento estudantil das universidades estaduais. É necessário pensar além, como combater a politica de favorecimento das privadas e do abandono das publicas.

Paulo disse...

SE VOCÊS CUMPRIREM 1/3 DO QUE FALAM! ACHAM QUE ESTUDANTES DA UEM SÃO TODOS ALIENADOS E NÃO ENTENDEM NEM AO MENOS QUE FALAMOS DE UMA UNIVERSIDADE ESTADUAL E NÃO DE UMA FEDERAL!

Rodrigo disse...

e vcs paulo?
cumpriram quantas propostas?
churrasco no RU?
ovni porto na uem?
devolver brasil a portugal?
redes de descanço nas árvores perto do RU?
teleférico na uem?
E SENTAR NA BONECA DO REITOR??
ESGOTAR A DIPLOMACIA? quantos cafezinhos tomaram no colinho do tio décio?


VCS SÃO MESMO UMA PIADA!!!


PIADA QUE JÁ PERDEU A GRAÇA!!!

Anônimo disse...

Vocês são tão entendidos a respeito das bolsas da UEM, que fizeram uma pauta de reivindicação gigante e nada conseguem concretizar. Inclusive, vários estudantes estão na fila da DCT esperando ser chamados para conseguir a bolsa-trabalho, e estão chamando 1 por mês. CADÊ A ARTICULAÇÃO, POXA!