Avaliação do Movimento de Paralisação do dia 14 de março de 2012
O dia 14 de
março foi tido na UEM como mais um dia de luta! Professores, servidores e
estudantes, mesmo com suas pautas específicas, estavam unidos em defesa da
Universidade Pública.
O
Diretório Central dos Estudantes procurou se organizar para esta data, porém tivemos
muitas dificuldades durante estes dias devido o acúmulo de atividades, um
acontecimento atrás do outro, uma série de questões que acontecem diariamente dentro
da universidade que necessitam respostas e ações imediatas, o que dificultou
nossa organização para o dia 14.
A
importância de construirmos a paralisação se deu por dois principais motivos
deliberados na Assembleia dos Estudantes realizada dia 07/03. Sobre a paralisação:
foi deliberado que os estudantes não só apoiariam a paralisação do dia 14/03,
como também a realizariam. Sobre a unificação das pautas: deliberou-se que os
estudantes iriam propor a unificação das pautas dos servidores técnicos e
docentes, e na Assembleia do Sinteemar do dia 12/03, a base de tal sindicato
decidiu por fazer juntos uma assembleia para que houvesse a unificação das
pautas de reivindicações direcionadas ao governo do Estado.
Na
Assembleia do Sinteemar, foi tirado que os portões não seriam abertos, pois os
vigilantes não abririam, afinal, são servidores da UEM e têm todo o direito de
manifestar-se aderindo à paralisação. Ainda no dia 13/03, no fim da tarde,
tivemos a notícia de que a reitoria fez uma reunião e ordenou aos vigias que
trabalhassem normalmente para abrir os portões e os blocos. Neste sentido, mais
do que em solidariedade aos vigias, mas também por objetivos táticos, decidimos
em reunião que trancaríamos os portões com corrente e cadeado e colocaríamos
pneus e troncos de arvores com o fim claro de não permitir a abertura dos
portões, garantindo assim a paralisação.
Outro
ponto importante a ser levantado, e também como forma de explicar aos que ainda
desconhecem, os servidores técnicos e docentes da UEM são organizados em dois
sindicatos, sendo a SESDUEM (Seção Sindical dos Docentes da UEM-ANDES-SN/CSP-Conlutas)
representante dos docentes filiados, e o Sinteemar (Sindicato dos trabalhadores
da educação de Maringá, filiado à CUT) de alguns docentes e dos servidores
técnicos. Estes dois sindicatos são divididos e não dialogam entre si por
motivos políticos, o que dificulta ainda mais a unidade da luta dentro da UEM.
Como um não apoiava a paralisação do outro, no dia 07/03 a UEM funcionou
normalmente e no dia 14/03 muitos docentes iriam dar aula. Demonstra-se,
portanto, mais um motivo da necessidade da não abertura dos portões, para que
não houvesse mais desmobilizações, afinal, deliberamos que aquela também era
uma paralisação estudantil, o que remete em não ter aula.
Durante
o ato pela manhã, houve muita tensão e até a PM foi acionada. Sofremos
agressões por parte de funcionários, professores e terceiros como o marido de
uma professora da UEM que em uma ação grosseira passou por cima da calçada e
quebrou a câmera que utilizávamos para registrar a manifestação. Sofremos
também ameaças de atropelamento e muitas ofensas. Isso demonstra o quanto ainda
tem pessoas desinformadas dentro da nossa Universidade, pessoas que com certeza
sentem os problemas, porém não se solidarizam e não se mobilizam para mudar o
atual cenário.
O auge dessa
manhã conturbada foi quando tivemos a notícia da diretoria do Sinteemar de que
não haveria mais a Assembleia Unificada entre a base deles e os estudantes.
Traição é a palavra que traduz esta atitude. Essa fala da diretoria do
Sinteemar de descontruir o que já havia sido feito, onde professores, técnicos
e estudantes aguardavam pela unificação das pautas gerou um imenso transtorno
ao movimento. Após um diálogo fervoroso entre alguns membros do DCE com o
diretor do Sinteemar, foi mantido o espaço para que houvesse a unificação das
pautas. Simultâneo a esse acontecimento, tivemos a notícia de que atearam fogo
nos pneus em alguns portões.
O
fogo foi algo que surpreendeu a todos e todas que construíam o movimento no dia
14. Afirmamos com clareza de que tal atitude não foi deliberação do DCE. Nosso
coletivo, a Movimente-se UEM, não se responsabiliza pelo ato, que com certeza
foi algo pensado à parte, por fora do movimento. De qualquer forma, não criminalizamos
o ato tendo em vista que não houve depredação do patrimônio público, somente a
tintura do portão foi comprometida, contrário do que se tem dito, tampouco houve
danos morais ou físicos a terceiros. Ao termos ciência do fogo, muitos de nós,
estudantes, se mobilizaram rapidamente para apagar o fogo dos 3 portões, junto
com outros servidores, pegando extintores e mangueiras.
Cabe
aqui mais alguns esclarecimentos: 1) a Movimente-se UEM só se reuniu para
realizar esta avaliação no dia 15/03, às 17h30 na sede do DCE. Notas anteriores
a esta reunião como a da Anel,
entidade que compõe nossa gestão, não explicita o parecer final do DCE sobre o
caso. 2) A nota publicada no site da UEM em nome do Reitor Prof. Julio demonstra bem o descaso da administração desta universidade em relação às
pautas de reivindicações estudantis e distorção dos fatos. Como já dito acima,
estudantes também apagaram o fogo, evitando que pudesse haver de fato mais estragos.
A luta realmente é de todos, mas devemos reconhecer o quanto o DCE –
Movimente-se UEM tem se dedicado a levar essa luta adiante, procurando
unificações e não segregações!
Sobre
as pichações, ressaltamos de que não há dentro de nossa Universidade um debate
sério sobre esse modo de expressão. O que podemos afirmar é que tratam-se de
ações individuais, totalmente fora do controle do DCE, que em nada tem a ver
com essas ações. Podemos, enquanto representantes dos estudantes e engajados em
discutir questões políticas e culturais, iniciar esta discussão, fomentando um
debate amplo e construtivo para tratarmos destes fatos.
O
sensacionalismo colocado nos fatos supracitados é extremamente prejudicial ao o
que o movimento é em sua essência. Não podemos deixar que uma ação secundária
como esta se sobreponha a toda uma luta que vem se desdobrando desde o ano
passado, que chega a seu ápice com o levante dos professores e servidores,
demonstrando que a Universidade Pública passa por um momento conturbado causado
pela política neoliberal do Governo do Beto Richa. O corte de mais de 53% do
orçamento se mantém, as promessas com as pautas dos servidores se estendem em
datas absurdas, nossa Pauta de Reivindicações da Ocupação sequer foi tratada
até agora, todas essas questões permanecem em aberto. Não temos ônibus para ir
a eventos, não temos salas de aulas e laboratórios, não temos professores, não
temos se quer o complemento vegetariano, determinado ano passado de que haveria
pelo menos 2 vezes por semana, o RU permanece precário!!!
O
ano de 2012 foi a continuação de um processo covarde de privatização e
sucateamento da Universidade Pública, indo totalmente contra nossas pautas
levantadas no ano anterior. Aos poucos, o atual governo do Estado retoma as
ideias do Projeto 32 de Lerner, ferindo a autonomia universitária em um sentido
mais restrito, como o Meta 4 que engessará o financeiro da UEM, travando-a
tecnicamente (afetando a contratação de professores e técnicos temporários) e
politicamente (autorizando movimentações financeiras que sejam do interesse do
governo, caso não o seja, a liberação do dinheiro é negado).
O susto com o
corte absurdo no orçamento no início do ano só nos fez acordar para algo óbvio.
A lógica do governo Beto Richa é simples de ser entendida: corta-se verbas
públicas, sob justificativas falsas de que “não há recursos”, para que as
instituições públicas se vejam forçadas a abrir suas portas à iniciativa
privada, que tem total interesse em se inserir num espaço que certamente irá
gerar muita renda e lucratividade, como as IEES e as Instituições de Saúde, por
exemplo.
Somos todos
cidadãos! Pagamos nossos impostos, temos direitos e deveres. O mínimo que o
Estado deve garantir é uma educação pública, de qualidade, gratuita e ao
alcance de todos. Quando saímos às ruas em protesto não estamos fazendo nada
além de lutar para garantir os nossos direitos. Devemos sair do comodismo de
achar que “reclamamos de barriga cheia”, nossas reivindicações são legítimas e
caracterizam um movimento que garantirá, mesmo que a longo prazo, uma
Universidade que de fato queremos e precisamos, aliás, que já deveríamos ter!
Por isso a
unidade na ação entre professores, técnicos e estudantes é essencial. Somos a
base de uma instituição totalmente hierarquizada, onde os poderosos continuarão
no topo da pirâmide, sempre determinando as ações de cima para baixo. A
Universidade é nossa, e devemos agir em defesa não só dela, mas de toda a
educação pública, que está passando por um momento bastante conturbado.
De
qualquer forma, avaliamos que as mobilizações que vem acontecendo neste ano, do
dia 07 até o dia 14 foram positivas. Estamos finalmente encaminhando a luta em
defesa da educação pública a um nível estadual, articulando com todas as
Universidades Estaduais do Paraná, ao mesmo tempo que, no nível micro, isto é,
internamente na UEM, vemos nossas reivindicações unificadas com as das demais
categorias (professores e técnicos) crescerem a tomarem uma dimensão que, se
não seguir em direção a greve, seguirá diretamente para conquistas e vitórias.
Juntos podemos mudar o rumo da
história!
Maringá, 16 de março de
2012.
Diretório Central dos
Estudantes – Gestão Movimente-se UEM
2 comentários:
Apoio totalmente o movimento, mas dizer que as paralisações foram positivas é uma brincadeira. Estão todos sentados esperando resposta de um governador que conversa com ninguém. A greve já devia ter começado, mas os interesses políticos dos sindicatos não os deixam chegar em um acordo. No mais, queria saber o que vocês conseguiram de concreto na ocupação, pois acho que só foram enganados.
dia 20 e greve ou paralizasao?
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